terça-feira, 28 de março de 2023

A verdade por trás da lenda do Chupa Cabra( cientificamente).

Essa imagem mística foi o que atraiu Pesquisadores pelo mundo. A história do chupa-cabra, uma suposta criatura vampiresca que ganhou fama mundial nos anos 1990, do México à Rússia, passando pelo Brasil e os Estados Unidos.

     O impressionante da história é a rapidez com que ela se espalhou. Após mais relatos de gente que disse ter visto a criatura, e a ligação feita na mídia local com animais de gado encontrados com o sangue extraído, a viralização foi incontrolável.

     Primeiro se espalhou por Porto Rico, depois pelo resto da América Latina e o sul dos Estados Unidos. No Brasil, uma reportagem sobre o chupa-cabra no programa Domingo Legal, no SBT, em 1997, levou a uma onda de supostas aparições da criatura por todo o país. A lenda se espalhou até mesmo online, nos primórdios da popularização da internet, com a participação de grupos entusiastas de óvnis e teóricos da conspiração.

     Até que no início dos anos 2000 um novo chupa-cabra apareceu, com algumas diferenças em relação ao original. Desta vez era descrito menos como um alien e mais como um animal parecido com um cachorro, andando em quatro patas, mas sem pelos, além dos relatos de aparição, alguém também encontrou um corpo de uma dessas criaturas. 

     Obs.: Quando você tem um corpo, muda tudo. Você pode colher amostras de DNA e de ossos, estudar a morfologia.

     O ponto de partida óbvio eram os corpos dos supostos chupa-cabras. Um total de uma dúzia de corpos foram encontrados, principalmente no Texas e em outros Estados do sudoeste dos EUA.

     Eram realmente horríveis: sem pelos, magros e com a pele com aparência queimada. Mas exames de DNA revelaram uma realidade muito mais mundana: os corpos eram invariavelmente de coiotes, cachorros ou guaxinins, com exceção de um, que na verdade tratava-se de um peixe.

     Mas como esses animais foram confundidos com monstros extraterrestres? A razão era a perda do pelo por causa de sarna sarcóptica, provocada por ácaros, uma doença relativamente comum e capaz de deixar os animais com o aspecto monstruoso no qual se encontravam.

     Se a esse aspecto são acrescidas feridas provocadas pela coceira, está formado o chupa-cabra.


E as vítimas?


     Mas isso era só metade da história - ainda faltava resolver o mistério dos animais vítimas dos chupa-cabras.

     E a resposta, mais uma vez, foi surpreendentemente simples. Os animais encontrados eram provavelmente vítimas de predadores comuns, como cães ou coiotes. Não é incomum um cachorro selvagem morder um animal no pescoço e depois deixá-lo.

     Muitas vezes, o bicho morre com hemorragias internas, sem outras marcas além da mordida.

     As marcas no pescoço costumam ser relacionadas com vampiros, graças à lenda do Drácula, mas os animais que se alimentam efetivamente do sangue de outros não agem assim.

     Assim, se compararmos as características de animais vampiros, como os morcegos, e dos chupa-cabras, há poucas semelhanças.

     Os vampiros são pequenos e furtivos, com dentes especializados e um sistema digestivo que lhes permite extrair nutrientes do sangue.

     Uma criatura do tamanho de um cachorro "morreria de fome rapidamente se alimentando de sangue", segundo ele, por causa da falta de nutrientes essenciais como a gordura.

    Culpa do antiamericanismo

Mas se toda a mitologia ao redor dos chupa-cabras cai rapidamente por terra diante da investigação científica, por que a lenda permanece viva até hoje?


Pode parecer estranho, mas Radford aponta para o forte sentimento antiamericano em toda a América Latina como parte dessa explicação. Isso é particularmente forte em Porto Rico, protetorado dos EUA.



"Falei com vários portorriquenhos, que sentiam que os Estados Unidos os havia explorado, enganado e ignorado, economicamente e de outras formas", diz.

     O chupa-cabra original tinha espinhos nas costas e olhos grandes. Mas ao longo dos anos o conceito da criatura foi se expandindo, até o ponto de hoje qualquer cachorro sarnento ser chamado de chupa-cabra".

     Hoje as pessoas vão ao Google e procuram 'animal misterioso que ataca as coisas'. E o mito se autoperpetua.


E o que explica o primeiro avistamento, em 1995? Foi inventado?


A resposta de um grande pesquisador foi: "semelhante à do alien do filme A Experiência (Species, no original em inglês), que havia sido recém-lançado em Porto Rico"

     A trama do filme envolvia experiências científicas ultrassecretas dos Estados Unidos e foi parcialmente filmada em Porto Rico.

     "Está tudo ali. Ela vê o filme, depois vê algo que confunde com um monstro", diz.

     Ele afirma, porém, não acreditar que os relatos sobre o chupa-cabra eram mentira, mas simplesmente o fruto de imaginações extremamente férteis.

     "Do meu ponto de vista, não há absolutamente nenhuma razão para acreditar que algo fora do comum esteja envolvido nos ataques ao gado", conclui.

     A história toda não passa de uma grande confusão envolvendo confusão científica, identificação errada de animais, exagero da mídia, ansiedade cultural e histeria coletiva. Tudo isso como resultado da impressão que um filme de ficção científica deixou sobre uma mulher em Porto Rico.

     Mas as revelações do professor mostra ainda que, mesmo que a análise rigorosa, todas as pesquisas e toda investigação científica demonstrem que o chupa-cabra não passa de um mito, as pessoas gostam de histórias fantásticas e continuarão a contá-las, por mais estranhas ou inverossímeis que pareçam.


 

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